Os abates brasileiros de bovinos somaram 6,96 milhões de cabeças no primeiro trimestre de 2022, um aumento de 5,5% na comparação com o mesmo intervalo de 2021, informou na última quarta-feira (8/6) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Apesar do avanço no trimestre, foi o segundo menor abate para o período desde 2010 (acima apenas de 2021, quando somou 6,59 milhões de cabeças no período analisado)”, observa o médico veterinário Hyberville Neto, diretor da HN Agro, de Bebedouro, SP.
O acréscimo no acumulado de janeiro a março deste ano foi puxado pelos abates de fêmeas, com crescimento de 12,9% em relação ao resultado registrado em igual período do ano passado.
Para machos o incremento foi de 1,1%, considerando a mesma base de comparação.
Segundo Neto, o maior abate de fêmeas reflete as boas vendas de novilhas ao mercado da China neste começo de ano, além dos preços dos bezerros em queda, resultado do atual processo de mudança do ciclo pecuário (encaminhado para a fase de baixa nas cotações).
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O resultado trimestral aponta para uma tendência de falta de oferta de novilhas para o segundo semestre, acredita Neto.
“Se a China seguir com bons volumes de compra de carne bovina brasileira, o que é esperado, não haverá grande oferta de novilhas para ajudar a suprir a demanda por animais jovens (uma das exigências dos compradores asiáticos, que só aceitam adquirir bovinos abatidos com até 30 meses de idade)”, afirma o analista da HN.
De acordo com ele, geralmente, a maior oferta de fêmeas ocorre no primeiro semestre, com picos em março (pós-estação) e maio (seca).
Na avaliação de Neto, essa demanda dos frigoríficos por animais jovens terá que partir de sistemas mais intensivos, incluindo o confinamento, que, por sua vez, não registrou preços atrativos no mercado futuro nos últimos meses, desestimulando a atividade de engorda no cocho.
Com isso, observa Neto, é possível que o ágio das categorias jovens (o chamado “boi-China”) ganhe força na segunda metade do ano.