FNP detecta aumento de liquidez no mercado do boi gordo
A consultoria Informa Economics FNP identificou aumento de liquidez no mercado do boi gordo nesta terça-feira, contrariando as expectativas iniciais de analistas de uma eventual redução nos negócios por conta da queda sazonal de consumo de carne bovina esperado no período final do mês.
“Com a aproximação do período das secas em importantes regiões do país, muitos pecuaristas optaram por elevar as suas ofertas de venda e aproveitar os preços firmes oferecidos na arroba do boi gordo”, ilustra boletim desta tarde da FNP.
Segundo a consultoria paulista, no Mato Grosso, responsável pelo maior rebanho bovino do Brasil, o pasto já começou a demonstrar perda de massa verde, “o que deve estimular o pecuarista a liquidar seus lotes terminados, elevando a oferta de animais para as próximas semanas”.
Nível de ociosidade dos frigoríficos do MT cresce em março
A oferta restrita de bovinos em março refletiu nos resultados dos frigoríficos do Mato Grosso. Pelo segundo mês consecutivo, a utilização industrial de abate de bovinos no Estado caiu em março – queda de 3,3 pontos percentuais na comparação com fevereiro de 2019, totalizando 69,45% da capacidade real, segundo levantamento do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).
No total, as indústrias frigoríficas do Mato Grosso abateram 395,9 mil animais em março. Esse cenário de ociosidade foi mais intenso nas regiões Nordeste e Sudeste do Estado, que abateram 9.083 e 3.650 cabeças a menos em março, respectivamente, ante o mês anterior, de acordo com dados do instituto de pesquisa.
Preços do bezerro de ano sobem quase 10% no MT
O bezerro de ano (12 meses de idade) continua sua trajetória de valorização na praça do Mato Grosso. “Esse quadro vem sendo estimulado pela falta desta categoria para compra”, destaca o relatório mais recente do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) .
Na última semana, o preço médio do bezerro de ano fechou em R$ 1.337,63/cab., com acréscimo de quase 10% em relação ao valor médio de um ano atrás (R$ 1.239,86/cab.), segundo o Imea.
“Não está fácil achar boi magro”, informa a Scot
Com o pasto dando conta do recado e a arroba do boi gordo firme, a demanda por animais reposição segue em alta.
“Essa maior procura já seria suficiente para valorizações nas cotações das categorias, porém, a menor oferta de animais tem impulsionado ainda mais os preços”, destaca a Scot Consultoria.
O maior volume de fêmeas destinadas ao abate nos dois últimos anos começa a impactar a oferta de bezerros. “O recriador que sai às compras hoje tem dificuldade para achar os animais”, relata a consultoria.
Em São Paulo, o bezerro de desmama (6@) fechou a semana cotado em R$ 1.300/cabeça – nominalmente, esse patamar não era observado desde junho de 2016, segundo a Scot.
Em relação às categorias mais eradas, a dificuldade de compra dos recriadores e invernistas é ainda maior. “Não está fácil achar boi magro; quem possui essa categoria tem preferido segurar os animais no pasto”, diz a consultoria.
Além disso, continua a Scot, os preços do milho hoje estão mais baixos frente a 2018 e isso aumenta a atratividade para a terminação no cocho.
Tendência indefinida para os preços internos do boi gordo
O Indicador do boi gordo Esalq/B3 abriu a semana com ligeira baixa, fechando a segunda-feira valendo R$ 158,35/@ em São Paulo (valor à vista), uma queda diária de 0,53%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Com pequenas oscilações de preços tanto para baixo quanto para cima, o mercado do boi gordo segue sem tendência definida nas principais praças pecuárias do País.
Na visão da Agrifatto, neste período final de mês, o consumo de carne bovina é, sazonalmente, mais fraco, devido ao menor poder aquisitivo da população. Assim, diz a consultoria, se a oferta de animais se ampliar, pode haver pressão negativa sobre valor da arroba.