O comportamento dos preços dos animais de reposição e também dos grãos nos primeiros meses de 2021 indica que este ano deve ser novamente desafiador para quem trabalha com a engorda de boi.
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A análise faz parte da nota de conjuntura Mercados e Preços Agropecuários, divulgada ontem (29/4) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) e com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo o boletim, o menor volume de abate já observado ao longo de 2020 deve seguir no primeiro semestre de 2021, mas, com a maior retenção de fêmeas para produção, a oferta pode começar a aumentar, especialmente a partir do final da safra, com o início do desmame. Desta forma, o primeiro semestre ainda pode registrar baixa disponibilidade de animais para abate.
Já no segundo semestre, o confinamento de animais dependerá dos preços de reposição e dos insumos, que já começaram 2021 em patamares elevados.
“Para buscar uma margem positiva, os pecuaristas precisam, além de avaliar com cautela o movimento dos valores dos insumos, usar de modo eficaz ferramentas de gestão de seus custos de produção”, informa o boletim.
Outro desafio apontado pela instituição refere-se à demanda doméstica por carne bovina. De acordo com o Ipea, os frigoríficos já alegavam no início do ano dificuldades no repasse das valorizações da arroba do animal à proteína negociada no mercado atacadista, o que pode levar a alguma pressão sobre os valores da arroba.
Produção
Apesar do baixo volume de abate e de uma sinalização clara de que o Brasil ainda trabalha na reposição do rebanho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima uma alta de 7% nas exportações brasileiras até dezembro. A projeção reforça a confiança da instituição americana na capacidade exportadora brasileira.