A Prova de Avaliação de Desempenho do Nelore (PADN) 2020 do Programa Embrapa Geneplus foi iniciada em março, a qual é realizada na Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Contando com moderna infraestrutura de cochos e balanças automáticos que permitem medir o consumo de alimento e peso individual diários de cada animal, o principal objetivo desta iniciativa é viabilizar a inclusão da eficiência alimentar como critério de seleção dentro do Programa. Durante a Prova, diversas outras características também são avaliadas, destacando-se as de carcaça, além de completa avaliação andrológica.
A PADN deste ano conta com a participação de 130 animais machos de 21 fazendas dos estados de SP, MS, MT e GO. Os animais chegam para a prova após o sobreano, com idade média de 18-20 meses, quando já passaram por todas as etapas chave de coleta de dados preconizadas pelo Programa Embrapa Geneplus. É recomendada a participação de indivíduos com destacado desempenho em avaliação genética e que se sobressaíram em seus grupos de manejo nas fazendas, buscando-se sempre que ao menos três animais de cada rebanho participem. Ao final da prova, é feita uma classificação dos participantes com base em índice que leva em consideração as características citadas, com ênfase na eficiência alimentar.
De acordo com o pesquisador da Embrapa e gestor do Programa Embrapa Geneplus, Gilberto Menezes, “a PADN dá subsídios para que os criadores promovam o melhoramento genético de seus rebanhos em busca de animais que sejam mais eficientes no uso dos alimentos, o que leva a uma pecuária mais competitiva, mais sustentável e mais lucrativa”.
O gestor ainda complementa que “avaliar o consumo individual de alimentos de bovinos é caro e complicado, sendo inviável que seja feito, de forma isolada, pela grande maioria dos criadores em suas fazendas. A PADN foi idealizada para viabilizar a inserção desse importante critério de seleção na realidade dos selecionadores de Nelore do Brasil – isso é inovação!”.
O local onde é realizada a PADN dispõe do que há de mais moderno em tecnologia. O sistema é inteiramente automatizado. O animal é identificado e recebe um chip eletrônico na orelha logo na entrada. O sistema de monitoramento do consumo de ração é efetuado diariamente em tempo real durante 24 horas, por meio de sensores instalados nos cochos. Toda informação sobre o que o animal come é transferida para um software e imediatamente computada. O advento da tecnologia foi um passo decisivo no sentido de permitir o conhecimento preciso do que o touro está comendo e transformando em peso.
Ainda de acordo com o gestor, apesar dessa infraestrutura ter sido criada em 2016 com foco na raça Nelore, hoje está disponível para atender todas as raças atendidas pelo Programa Embrapa Geneplus. Já há compromissos firmados para provas com Brangus e Santa Gertrudis no curto prazo e esperamos ao longo do tempo poder realizar esse tipo de avaliação para diversas raças, já que isso está alinhado ao objetivo da cadeia produtiva de gado de corte como um todo”, explica Gilberto.
Por fim, o gestor ressalta algo que considera central em relação à PADN: “essa ação somente tem sentido se inserida dentro de um programa de melhoramento, funcionando como parte de uma engrenagem maior para geração de avaliações genéticas mais robustas e completas que permitam aos criadores otimizar seus trabalhos de seleção em busca de animais cada vez mais eficientes e produtivos – base para uma pecuária sustentável e competitiva”.
Cronograma PADN
A PADN teve início em março com o recebimento dos animais que passam por um período de adaptação à infraestrutura e dieta. Em seis de abril, a Prova começa efetivamente tendo duração de cerca de dois meses e sendo finalizada no início de junho. Diferentemente dos anos anteriores, em 2020, o Geneplus irá realizar apenas uma edição da PADN.
“Nos outros anos, nós trabalhamos com até com três edições por ano. Mas em 2020, por questões operacionais, concentramos o trabalho numa única edição para termos um maior número de animais, conseguir atender adequadamente a todos e alinhar isso a outras ações que temos dentro do Programa”, afirma o gestor.
Uma tradicional ação do Geneplus alinhada à PADN é o ATJPLUS, que consiste em ação de identificação e avaliação de touros jovens promissores a fim de acelerar o progresso genético pela redução do intervalo de gerações. Criado em 1992, de forma pioneira pela Embrapa, o ATJPLUS tem na PADN uma das formas de escolha de candidatos: animais que se destacam na PADN são pré-selecionados para uma avaliação final realizada por comissão de técnicos do Geneplus. Se aprovados, seguem como touros ATJPLUS e tem sêmen coletado e distribuído nos criadores do Programa.
Ao final da Prova, os animais avaliados são colocados novamente à disposição de seus donos que irão decidir seus destinos.
Parceria que dá certo
O Programa Embrapa Geneplus é fruto de uma parceria pública privada, envolvendo a Embrapa Gado de Corte e a Geneplus Consultoria Agropecuária Ltda, iniciada há quase 25 anos atrás. Seus bons resultados mostram que o trabalho conjunto tornou mais fácil para a Embrapa difundir conhecimentos e novas tecnologias ao setor pecuário brasileiro. Não por acaso, todo o setor reconhece a importância dessa instituição pública para o grande salto de qualidade que a pecuária de corte experimentou nas últimas décadas.
