Por Ivaris Junior
A Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) e o Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo) vêm investindo em uma série de ações voltadas para a simplificação do melhoramento genético.
Depois do lançamento do sistema Origen, trabalham em uma nova ferramenta digital que ajudará o criador a eleger os melhores acasalamentos para seu rebanho.
“O acasalamento dirigido ajuda a corrigir deficiências ou a aprimorar características importantes para os criatórios”, explicou Fernando Cardoso, Chefe Geral da Embrapa Pecuária Sul e consultor de genética do Promebo.
Hoje, esse processo é feito de forma mecânica por meio da análise manual das Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs). Com o projeto, o Origen irá sugerir touros para uso de acordo com os propósitos de cada criatório.
Outra tendência de simplificação da seleção, citou Cardoso, é feita por meio do uso de selos que aglutinam características, como o Selo Seleção Qualidade de Carne, e outros que estão em desenvolvimento para tornar a escolha do pecuarista mais intuitiva.
“Antes de entrar na mangueira, recomendo que se aparte o gado pelas DEPs. Depois, o olho pode vir como o ajuste fino”, frisou.
A simplificação do uso de dados dos reprodutores norteou o debate do 1º Fórum Promebo na Prática, realizado nesta terça-feira (28/06) na Associação Rural de Pelotas (RS), que também apresentou cases de criatórios que trabalham com o Promebo.
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O evento, realizado pela ANC e pelo Promebo, reuniu criadores de diferentes raças em um encontro híbrido e de muita interação.
Além do debate teórico, a inovação ficou por conta da demonstração prática, com a presença de gado das raças Angus, Devon, Charolês e Braford. Foi detalhado o processo de ultrassonografia de carcaça e feita avaliação de genótipo e fenótipo de maneira concomitante.
Uma das palestras mais relevantes foi do próprio Fernando Veloso. Ele trouxe uma apresentação elucidando “Como aumentar a produtividade e rentabilidade do seu rebanho usando as avaliações genéticas e sumários de touros”.
Para o chefe geral da Embrapa Pecuária Sul, o ponto de partida é compreender que o melhoramento genético de bovinos de corte é uma estratégia que traz resultados em médio e longo prazos; logo, é fundamental saber claramente para onde se quer ir com o rebanho.
“Para tanto é preciso avaliar friamente quais os recursos existentes em termos de ambiente, animais e o mercado alvo, ponderadas suas demandas, o que ele precisa e valoriza”.
Em seguida é necessário compreender o que é preciso fazer para melhor atender esse mercado, o que não é tarefa tão fácil, frente às características do rebanho que se tem e quais precisam ser melhoradas, segundo um quadro de prioridades no melhoramento.
O pesquisador salienta, no entanto, que “para uma tomada mais correta de decisões é preciso analisar os números. Identificar quais animais estão mais capacitados e quais não, muitas vezes apartando, e sem olhar para fenótipo”.
O mesmo comportamento se aplica aos reprodutores que trabalharão nos acasalamentos. Números, primeiro, para selecionar os mais indicados.
Somente depois é que entra uma avaliação visual, sempre tendo em mente os seus clientes; ou seja, o que os agradarão mais. “O restante do processo são acasalamentos cada vez mais certeiros, minimizando erros, além de paciência ao longo do tempo, com perseverança e rigor contínuos”, reforça Veloso.
Programação para somar – Apresentando os ganhos do Promebo dentro da porteira, o pecuarista Paulo Azambuja destacou os resultados obtidos com o programa na Fazenda Santa Tereza, de Arambaré (RS).
De acordo com ele, na propriedade, a avaliação genotípica anda ao lado da fenotípica. “Isso vem junto com o uso da avaliação fenotípica realizada na mangueira para fazer com que a linha de chegada tenha maior acurácia e permita maximizar o uso de indivíduos superiores nos acasalamentos”.
Os resultados foram compartilhados pelo criador Fernando Gonçalves, da Fazenda Santa Cecília, de Santiago (RS), que também relatou os ganhos obtidos ao longo dos últimos anos.
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Segundo o presidente do Conselho Técnico da ANC, Flávio Alves, os cases mostram a história de propriedades comprometidas com o melhoramento genético e não com questões comerciais, que sabem a importância de avaliar machos e fêmeas para garantir o avanço constante do rebanho.
“Esse evento vem sendo pensado há muito tempo e é inédito porque integra teoria e prática, mostrando a verdadeira importância do Promebo para a pecuária: produzir um gado melhor a cada geração”.
Fernando Cardoso ainda defendeu o uso do Percentil para a seleção de reprodutores no programa de melhoramento. O indexador determina a posição do animal na sua geração e ajuda na hora de definir acasalamentos uma vez que indica com maior precisão touros e ventres superiores em determinadas características.
Responsável pelo processamento dos dados do Promebo, Cardoso salientou que a Embrapa dá subsídios, mas que a tomada de decisão deve ser feita pelo criador.
Além das DEPs, citou ele, é importante olhar para a acurácia, índice de assertividade dos dados ofertados. “A acurácia não é critério de seleção, mas de intensidade de uso”, indicou, lembrando que o pecuarista pode testar um touro de acurácia baixa, mas, na hora de fazer uso em larga escala, o mais aconselhável é optar por exemplares com acurácia acima de 0,7.
Cardoso recomendou também que o criador também atualize indexadores semanalmente de forma que a tomada de decisão seja feita com os dados disponíveis no Origen na versão mais atualizada possível.
* Reportagem produzida com o apoio da assessoria de comunicação da ANC