“Ter acesso à GTA do produtor é como pedir seu extrato de conta bancária”, diz diretor da Acrimat

Para Francisco de Sales Manzi, diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso, é equivocado o uso do documento para o monitoramento dos produtores e seus rebanhos

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A JBS não terá um terreno de negociação muito amigável para convencer os cerca de 50 mil pecuaristas que entreguam seus bois para abate em suas unidades a liberarem, também, o acesso digital de suas Guias de Transporte Animal (GTA). O documento é o primeiro passo para a empresa monitorar por completo a cadeia de fornecimento de animais, do nascimento ao abate. Esse monitoramento, de acordo com a empresa, deve começar no ano que vem pelo Estado de Mato Grosso, dono do maior rebanho do País com 30 milhões de bovinos.

O anúncio vem gerando críticas. Entre elas estão as de diretores de entidades, como a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). A associação ainda não se manifestou oficialmente, mas a conversa é de que os produtores devem insistir em manter suas informações do jeito que estão: sob sigilo total.


“Ter acesso à GTA do produtor é como pedir seu extrato de conta bancária. O produtor pode até permitir esse acesso, mas a Acrimat não apoia”, afirma o veterinário Francisco de Sales Manzi, diretor técnico da Acrimat.

Segundo Manzi, o plano da empresa não agrada os integrantes da Acrimat porque “a GTA é um documento sanitário e tem a ver a com a radiografia da sanidade do rebanho da fazenda. Foi a partir dela que o País lançou planos estratégicos, como o controle da aftosa”.

Ir para além de seu uso original é equivocado, na opinião de Manzi, mesmo que sirva para identificar a origem de nascimento dos animais e comprovar se todos vieram de áreas livres de desmatamentos, de propriedades com invasão irregular ou mesmo com o uso de trabalho análogo à escravidão.

Francisco de Sales Manzi, veterinário e diretor técnico da Acrimat. Foto: Divulgação

Na verdade, a grande apreensão dos produtores é que esse sistema acabe se tornando um tipo de fiscalização indireta e com falhas de reconhecer exatamente quem está descumprindo com a lei. “Se isso ocorrer de fato é crime”, analisa. “Não se pode deixar que um sistema comece a apontar o dedo para os produtores sem saber de fato se ele é culpado. O produtor que faz desmatamento ilegal deve ser fiscalizado e punido, sim, mas isso deve ser feito pelo Estado”, diz.

Mato Grosso possui cerca de 105 mil pecuaristas, na maioria pequenos produtores, segundo Manzi. Para ele, o único sistema que poderia realmente servir para monitorá-los é o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a própria regularização fundiária. Esses são os pontos que poderiam indicar quem está fazendo o bom trabalho na pecuária e deve ser considerado na avaliação de origem dos animais.

Monitoramento proposto

A iniciativa da JBS, anunciada na semana passada (23/9), se soma com a da Marfrig (divulgada em meados de agosto) e de outras ações no passado para comprovar aos consumidores que toda a carne é de origem sustentável e não foi responsável por desmatamentos ilegais. No caso da JBS, o sistema de monitoramento dos criadores de bezerros e recriadores de boi magro prevê que a sua alimentação seja com informações da GTA.

Mas não são apenas os frigoríficos com ações similares. Em 2016, a rede varejista Walmart iniciou uma força tarefa semelhante com apoio da Marfrig e da Organização Não Governamental The Nature Conservancy (TNC).

Com a pressão ambiental aumentando no País, por conta das queimadas e do números de desmatamento na Amazônia, as agroindústrias tentam agora mostrar aos seus investidores internacionais que podem monitorar toda a cadeia e não apenas o entregador de gado ao abate.

O plano da JBS é ter toda a sua compra gado monitorada dentro de cinco anos. Para isso, até o final deste ano, a empresa concluirá a ferramenta digital com tecnologia blockchain para acompanhar o fluxo de rebanhos das fazendas, chamada Plataforma Verde. Além disso, serão desenvolvidas uma série de ações de conservação ambiental, desenvolvimento sustentável de comunidades que vivem na floresta e assistência técnica aos produtores rurais. Os investimentos podem chegar a R$ 500 milhões em 2030.

 

 

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